SÃO PAULO – Após queda de 8,4% do Ibovespa em fevereiro, em um mês com significativo impacto do coronavírus sobre os mercados globais, analistas começam março ainda otimistas com a Bolsa brasileira, mas na busca por ativos mais defensivos.
Apesar de reconhecerem um curto prazo mais desafiador por conta das preocupações em torno de uma desaceleração da economia global, a expectativa é de que o ambiente doméstico, de juros baixos, com retomada gradual da economia e avanço na agenda de reformas, siga favorável para o mercado de renda variável.
Levantamento feito pelo InfoMoney com 12 casas de análise mostra que as principais apostas para março recaem sobre as ações de JBS, Petrobras, Lojas Renner, Vale e B3. Com isso, o portfólio, composto por cinco nomes, ficou inalterado em relação a fevereiro, embora com diferenças em termos de número de indicações.
Vale ressaltar que as carteiras foram divulgadas pelas corretoras antes de o Federal Reserve, o banco central americano, anunciar um corte emergencial dos juros em 0,50 ponto percentual, para o intervalo de 1% a 1,25%, em decisão fora do encontro agendado.
Segundo Ilan Arbetman, analista na Ativa, a carteira da corretora foi elaborada buscando players consolidados nacionais que dialogassem menos com a “ebulição externa”, isto é, que fossem menos expostos aos riscos do cenário internacional. Com isso, o analista segue confortável com as posições selecionadas para este mês e diz que, a princípio, não deve fazer nenhuma mudança na carteira por conta do corte de juros.
Confira a seguir as cinco ações mais recomendadas para março:
Empresa | Ticker | Número de recomendações* |
JBS | JBSS3 | 9 |
Petrobras | PETR3; PETR4 | 8 |
Lojas Renner | LREN3 | 7 |
Vale | VALE3 | 7 |
B3 | B3SA3 | 5 |
*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Necton, Rico, Santander Corretora, Socopa e XP.
JBS (JBSS3)
Exposta ao mercado chinês, com cerca de 8% das vendas consolidadas direcionadas ao país, as ações da JBS despencaram 17,7% em fevereiro, em meio às preocupações com o coronavírus.
Apesar da queda, a produtora de carne segue entre as preferidas dos analistas para investir em março, com nove recomendações.
Na avaliação da Santander Corretora, por mais que os temores com a disseminação do vírus sejam uma ameaça ao comércio global no curto prazo, o cenário de risco pode ajudar a impulsionar a demanda chinesa por produtos congelados e processados, ao levantar preocupações quanto à segurança alimentar no país.
Já a XP destaca que a empresa se encontra muito bem posicionada geograficamente, com fontes diversificadas de receita. Segundo os analistas, a ação encontra-se em patamares atrativos, negociando a cinco vezes a relação entre o valor da empresa e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para 2020 .
Petrobras (PETR3; PETR4)
Com oito menções, a petroleira ocupa o segundo lugar entre as ações mais recomendadas para o mês.
Sem comentar os efeitos de curto prazo do mercado, como o coronavírus, a Elite Investimentos destaca os resultados da Petrobras no acumulado de 2019, que “fortaleceram o compromisso da sua gestão na eficiência, no foco na exploração e produção de óleo e gás, e na capacidade de gerar valor aos seus acionistas”.
No último ano, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 40,1 bilhões, alta de 55,7% sobre o valor registrado em 2018. Segundo a Economatica, a cifra também representa o maior lucro nominal da história das empresas de capital aberto.
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A opção por manter o papel na carteira, segundo o BTG Pactual, se deve à combinação da redução de riscos, por meio do seu programa de desinvestimento, por maiores retornos devido à melhor alocação de capital, bem como pela expectativa de maiores pagamentos de dividendos a partir de 2021.
“Esperamos que a Petrobras comece a receber ofertas vinculativas para quatro de suas refinarias à venda no primeiro semestre, adicionando espaço para uma potencial valorização no curto prazo”, escreveu a equipe de análise.
Lojas Renner (LREN3)
Pelo terceiro mês consecutivo na carteira do InfoMoney, a varejista recebeu duas novas recomendações para março: da XP e da Ativa Investimentos.
Enquanto a primeira justifica a escolha pela busca de um nome doméstico de alta liquidez na Bolsa, a segunda destaca a inovação e a eficiência operacional da companhia, tida como bem posicionada no setor de e-commerce.
Em relatório, a equipe da Ágora afirma que a Renner tem entregado uma sólida alavancagem operacional, oferecendo ao acionista a exposição a uma empresa que deverá continuar a ganhar participação no mercado.
“Continuamos vendo potencial de expansão de margem e uma taxa de crescimento anual para a receita líquida de quase 20% nos próximos três anos”, escrevem os analistas, que recomendam compra para o papel.
Vale (VALE3)
Empatada em terceiro lugar, com sete menções, a mineradora Vale também está entre as preferências de analistas em março.
Na avaliação da equipe da Elite Investimentos, o surto do coronavírus, que vem pressionando os papéis ligados às commodities, pode servir como uma oportunidade de entrada no papel. No último mês, a ação recuou 11,9%.
“Ainda é cedo para avaliarmos os reais impactos do vírus na economia global, mas consideramos que a reestruturação operacional e a imagem da Vale são fatores importantes para a nossa visão e manutenção do papel em nossa carteira”, escreve a equipe, em relatório.
Já o BTG Pactual destaca uma relação entre risco e retorno assimétrica para os papéis da mineradora. Na avaliação dos analistas, a empresa passou por uma reforma radical desde Brumadinho em termos de governança, segurança e risco operacional, e a administração tem sido “extremamente focada na reparação” – o que é positivo e tem suportado a tese da empresa.
B3 (B3SA3)
Apesar de um ambiente externo conturbado, analistas seguem otimistas com o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro e com os ativos de renda variável.
Para a equipe de análise da Socopa, a B3 deve continuar a expandir seus lucros, como resultado de um maior volume de negócios na Bolsa, aumento no número de IPOs e das ofertas de crédito privado. Na avaliação da casa, as ações da Bolsa brasileira estão descontadas.
Além de ver um volume mais forte para o mercado de capitais neste ano, a Guide destaca a diversificação da receita da B3, com fluxo resiliente, amplo leque de serviços, alto potencial de crescimento e menor risco em relação a uma possível concorrência.
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